domingo, 1 de junho de 2014

Cantina

Um casal apaixonado celebra a alegria de estarem juntos.
Celebram o amor.
Os olhos brilhantes, os sorrisos maliciosos, as mãos entrelaçadas.
Se olham, se desejam, estão felizes.

O dono da cantina, bem idoso, anda devagar.
Se coloca ao lado do casal, em sua mesa desde que abriu a cantina.

Ele vira a cabeça, olha para a mulher.
Sorri.
Pensaria ele que já havia sido feliz assim?

Passam semanas, estações, acontecimentos, tempo…

Anos se passam e o casal retorna a cantina.

Pedem a mesma mesa.
Escolhem o mesmo pedido.
O mesmo vinho.

Mas não são os mesmos.
Seus olhares não tem o brilho, os sorrisos estão contidos, as mãos não se tocam.

Contam estórias, relembram momentos, revelam segredos.
A maturidade embala a conversa serena, não querem se magoar.

A mulher olha ao lado e sente a falta do dono, sempre sentado na mesa ao lado.
Ao indagar a gerente, fica sabendo que ele faleceu.

Ela se comove e retorna o olhar para seu companheiro.
Seus olhos estão úmidos, está triste.
Não verá mais aquele senhor simpático de olhar maroto.

A vida fechou mais um ciclo.
A vida não será como antes.

Ele não está mais aqui.
Mas a cantina está cheia.
As pessoas estão felizes.
Celebram a vida.
A luz e a energia aquece os corações.

Que faz sorrir as pessoas,
Que faz alegrar o momento.
Que acaricia o casal.
Que acredita que um um ciclo se fechou.

E outro começará novamente...

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