quinta-feira, 24 de março de 2011

Ele poderia ser meu filho, ele poderia ser seu filho!



Fui passear com o meu cão e vi uma cena triste. Um garoto de 16/17 anos, bonito, bem vestido.

Drogado. Mal conseguia andar.

Os braços soltos no ar,colocava a mão na cintura, parava, virava o pescoço como se a cabeça girasse até as costas. Parava, ajoelhava, caia, levantava e olhava para o céu, talvez pedindo ajuda.

Atravessou uma vez a rua.

Subiu, agachou-se, levantou e segurou no muro, conversando sozinho com sua alma perdida.

Atravessou a rua novamente, encostou na placa, caiu na ilha.

Mais uma vez atravessa a rua em zigzag.

Ligo para a policia, ficaram de busca-lo.

Andava rápido e não via ninguém, só sua alucinação.

De longe, vi que ele caiu na ilha.

Levantou e andou novamente. Desapareceu.

Desapareceu minha esperança de que será salvo.

O Inferno é sua sombra.

A morte sua próxima companheira.






segunda-feira, 21 de março de 2011

Meu primo César...minha homenagem...

Ontem eu perdi um pedacinho do meu coração de menina.

Perdi um pedacinho de minhas lembranças, de minha família.
César, Eduardo César, conhecido na infância, como Pico... nunca perguntei a origem do apelido.
Encontrávamos-nos todos os anos em Marília, ponto de encontro de nossa família nas férias de verão.
Todos reuniam na casa da tia Esther, irmã de minha mãe.
Casa de madeira, acolhedora, como o coração daquela família.
Sentia-me feliz em todas as férias passadas naquela confortável casa.
Mas, tinham os primos, que alegravam mais ainda a memória das férias passada por la.
Tinha dois primos, Silvia e César, irmãos.
Eles eram arteiros, achava o maximo, pois eram para mim como heróis, eu muito obediente e comportada.
O César era do tipo arteiro, fazia de tudo para bagunçar a rotina.
Ele era um moleque, daqueles de encher os olhos com tantas estripulias.
Uma vez, ele jogou uma mariposa sobre mim... fiquei com trauma até hoje, eu gritava e ele ria...
Tinha um sorriso largo, bonito, luminoso.
Na varanda da casa da tia Esther, tinha uma rede, que era nosso destino após uma manha pulando e brincando.
Um dia, o César resolveu deitar e se fechar, ao mesmo tempo dando impulso para virar de ponta cabeça, com sucesso.
Não precisava dizer que fazíamos a mesma coisa e metíamos a cara no chão... Ele conseguia, nos não!
E, entre férias e estripulias, íamos crescendo, cada qual em seu canto, cada qual em sua cidade.Adolescente, vi ele entrar na faculdade em Florianópolis.
O trote foi inesquecível, a cueca servindo de coleira, após uma retirada pra la de original. Todo banhado com ovos, farinha e cerveja, la ia ele, pelas ruas de Marília, pedindo dinheiro.
Já bêbado, andava pintado, com uma bengala de pão, sob as axilas, rindo até não poder mais, nem ligando para o que fizeram com ele, afinal ele agora sairia engenheiro.
Casou-se e teve três lindos filhos: Rhaissa, Victor e Arthur.
A vida trouxe responsabilidades, mas sempre o sorriso e o bom humor permaneciam naquele homem e primo especial.
Em 2005, morando em Florianópolis, retomamos o contato.
Ele agora divorciado, mas sempre bem acompanhado.
Fez questão de viver com os filhos, que amava acima de tudo.
Visitava a mãe e a irmã com freqüência, nessas visitas que ele fazia, eu tinha a oportunidade de revê-lo e colocarmos a conversa em dia.
Falávamos sobre nossos pais (que já haviam falecido), das brincadeiras de infância, filhos, do time preferido, o Corinthians, da vida.
Há mais de um ano, ele descobriu um câncer na cabeça.
E, com muita coragem e garra, ele lutou contra doença e pela vida.
Resistiu, sofreu, perdeu, mas manteve a total confiança que até o fim valeria à pena lutar.
Ele se foi este final de semana e minhas lembranças ficarão para sempre.
Peço a Deus que o receba bem, mas que fique atento com suas traquinagens e seu sorriso solto e contagiante, ele conquistara logo de inicio à todos que estiverem no céu.
Que Deus de à luz necessária aos três filhos e que saibam que ele não ficou com vocês por acaso, ele ficou com vocês porque de certa forma sabia que a passagem dele na terra seria breve.
Tenham como exemplo de pai, de lutador, de homem.
Um beijo César, te amo primo querido, fique bem onde quer que esteja, descanse, pois você agora é luz.